domingo, 22 de março de 2009

A Arte de Viver a Vida



Renato Brandi da Luz: um nome que é sempre será citado no meio da moda, artístico. Tratando-se de uma pessoa culta, um nome que muitos não esquecem, devido a sua ascensão profissional. Para Renato, sua vida nada vazia lhe foi grandiosa. Em seus feitos, aprendizados e por que não citar também irreverência. Hoje Renato, tem cinco décadas de vivência. A sua carreira profissional; chegou há 32 anos, registrado no Sindicato dos Artistas, e alguns anos após também no Sindicato dos Artesões. Sua história começa nas épocas em as moças e senhoras da cidade e da região ficavam sempre à frente da moda, em modelos projetados por ele, as indústrias de uniformes e vestuários na cidade requisitavam seus trabalhos. Santa Cruz do Sul, foi um grande pólo no setor do vestuário. Renato foi o primeiro estilista de Santa Cruz do Sul. Trabalhou com; produtor de modelos, eventos e desfiles. Formado em letras, lecionou no Colégio Mauá. Fez teatro, doou-se em protagonizar personagens de alto nível e comportamento ao palco impecável. Uma vez aprimorando-se na produção, nada poderia ser mais interessante que o colocar de sua própria atuação em desenvolvimento. Não ficando apenas na fase de atuar, com uma vasta e incansável percepção de mundo, começou a desenvolver cenas, cenários e inclusive figurinos. Os figurinos eram feitos de acordo com o entendimento que ele obterá de trabalhos com variados tipos de tecidos nas fábricas. Como uma pessoa culta, e com muita sabedoria e imaginação estendeu seu intelecto a escrever roteiros, peças teatrais, comerciais para TV, que eram solicitados ou apenas tudo aquilo que a mente o programava para alguns devidos momentos.”Arte da criação é ter imaginação, imaginar, sonhar e realizar. O resultado; um plano palpável a magnitude para desfrutar da obra completa”.
A caminhada de glória para Renato foi parcialmente interrompida há 10 anos atrás, quando ele descobriu ser portador do vírus HIV. E mais uma vez tudo que brilha é atirado de lado pelo pré-conceito social e pela arte de poder e gozar a vida nela própria. Renato estendeu os braços o corpo e a mente a essa causa. Um dos fundadores da ONG VIDA POSITIVAH. A sede, era em uma sala no antigo prédio do Colégio Mauá. Renato relatou que passou muito trabalho, muito desprezo e principalmente muita dificuldade financeira. A doença era um enorme tabu naquela época, mas do que hoje. Foi o presidente da ONG, cargo em que exerceu por dois longos anos. Para manter a entidade era muito difícil, muitas vezes gerava fundos do próprio bolso, dinheiro recebido por trabalhos artesanais ou em fim de qualquer outra forma de trabalho dentro da área de seus conhecimentos. O fato constrangedor desta caminhada é que nunca o próprio pode usufruir os frutos; que ele conquistou na época de presidente da entidade, exemplo; o consultório dentário, que o CEMAS dispõem há algum tempo, idealização foi de Renato Brandi da Luz. Esse é um fato a ser contado: _ Não havia disponibilidade de um local para atendimento dentário municipal para portadores do HIV, mas inexplicavelmente tinha lugar para portadores de Hepatite “C”. E, com isso ele lutou para construção de gabinete dentário, seguro com todas as formas de atendimento igualmente utilizado em geral, no consultório central da prefeitura. Mesmo hoje, ele nunca conseguiu marcar uma hora para ser atendido.
A luta de Renato foi dolorida, o descaso de uma verba que foi liberada em nome da ONG e ficou engavetada por mais de seis meses. “Paciência requer de uma certa maneira a consciência de um grupo. Aluguel de sala, não espera, assim como os remédios fora do posto de saúde ao tratamento dos portadores de HIV, são vitais. Com tudo, e a sua situação de portador do HIV, não o esmorecia, continuava lutando”.Conseguindo de seus feitos na causa abrindo portas, e fechando algumas também mediante a falta e o descaso das demais autoridades e entre outras tantas pessoas com poderes para organizar uma situação que já havia ordem de abandono e por que não dizer maus tratos ao portador do HIV. Os maus tratos são devidos às desconsiderações; quando muitas vidas dependem de verba pública para sua sobrevivência, assistência ou melhora de sintomas da doença. A verba foi enviada a ONG, no momento em que Renato largou o posto de presidente da entidade. E uma coisa absurda é que o presidente que o substituiu, conseguiu até mesmo uma verba; tipo salarial foi concedida ao cargo. E, de Renato será que alguém lembrou? Dos dias das batalhas de seus trabalhos seus feitos? Sua situação naquela época de ONG era mais difícil, a doença tem fatores que levam a pessoa a se consumir. Olhando para trás, ele lembra que não teve apoio de familiares, apenas o descaso. As pessoas pensam e pensar é uma grande arma do bem para quem faz o bem. O resultado é impressionante; mesmo passando por muita dificuldade. Essas tantas dificuldades provenientes do pré-conceito, tanto no lado profissional e principalmente na luta contra o HIV. E a realidade hoje, é diferente para ele, após alguns anos de espera por ter entrado com uma ação de retração de herança, por ser filho de militar e portador de uma doença muito grave, mas controlada com muita responsabilidade, ele provou mais uma vez que a base de uma pessoa para ganhar aquilo que precisa; seu sustento e sobreviver dignamente; vem da cultura e da informação. Essa informação é à busca de resoluções para muitas causas, inclusive a de permanecer vivo. Na constituição brasileira existe uma lei onde reza “Que todo o homem e mulher são iguais”, e baseado nesta lei; ele adquiriu a parte da pensão que o mantém em uma vida digna(o único no Brasil), lhe dá estabilidade para poder continuar a comprar os medicamentos, muitas vezes não compra só para si, mas também para os outros portadores de HIV. O que ele pretende? É com ele; realizar seus sonhos suas expectativas, mas, há uma grande vontade, um desejo para realizar neste ano de 2009 “a criação de uma Arvore de Natal “, onde ele e outras pessoas que estão constantemente lutando para sobreviver tenham um espaço, designado pela prefeitura na Praça da Bandeira. Que fique sinalizado ano após ano que nesta cidade a guerra para sobrevivência é sempre uma constante e não uma variante. Considerando, os fatos das vitórias que a realização do bem comum se vê nitidamente na face de Renato(QUICO), Brandi da Luz. Que ainda hoje continua mesmo sem ONG (também já extinta), a trabalhar no que for de seu alcance para conseguir remédios e outros tipos de caminhos para o tratamento do HIV, que é uma triste realidade no mundo.

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